Artistas em foco, equipes na sombra: A disparidade no cenário musical
- SIMtetizando

- 29 de set.
- 3 min de leitura
Atualizado: 30 de out.
O universo do rap, trap e funk ultimamente tem crescido de maneira expressiva no Brasil, resultando em um aumento de artistas e gravadoras/produtoras especializadas nesse ramo da música, como por exemplo a 30praum, Mainstreet e Supernova. Normalmente, esse cenário é marcado por um grande contraste, especialmente quando analisamos as diferentes realidades de influência, importância e condição financeira entre os artistas e suas equipes.
Apesar dos cantores serem os rostos mais visíveis e reconhecidos dessa cultura musical, por trás de cada sucesso existem diversos profissionais que enfrentam desafios sociais econômicos pouco conhecidos pelos fãs.

O paraíso da música? O brilho dos artistas e a sombra das equipes
A notoriedade dos artistas de rap atualmente é indiscutível, pois nomes como Emicida, BK' e Djonga representam não só vozes influentes musicalmente, mas além disso, também são símbolos culturais que dialogam sobre questões sociais, raciais e políticas. Por conta de sua influência, esses artistas frequentemente acumulam milhões de seguidores nas redes sociais e possuem contratos altamente lucrativos com gravadoras e patrocinadores.
No entanto, para cada sucesso, existe uma grande sombra por trás dos cantores, como produtores, beatmakers, técnicos de som, estilistas e fotógrafos, tendo uma influência crucial para a carreira do artista, mas que raramente possuem o mesmo nível de reconhecimento ou segurança financeira que os mesmos. Um levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) indicou que cerca de 43,2% dos profissionais do setor cultural trabalham na informalidade, resultando assim em um rendimento médio inferior à média nacional, fazendo com que enfrentem instabilidades contratuais e ausência de benefícios trabalhistas.
Segundo um estudo da Associação Brasileira de Música Independente (ABMI), cerca de 60% dos profissionais ligados à produção musical têm renda mensal inferior a 3 salários mínimos. Já indo para a “gringa”, nos Estados Unidos, segundo relatório da Recording Academy (responsável pelo Grammy), produtores e compositores independentes receberam uma parcela desproporcional das receitas da indústria fonográfica, enquanto grandes artistas e gravadoras concentram a maior parte dos lucros, um exemplo disso é o rapper Drake, que em 2021 faturou um pouco mais de 50 milhões de dólares.
A diversidade de realidades e a importância da equipe
Além disso, a diferença não é apenas financeira, mas também pela visibilidade. Enquanto que os artistas costumam ser celebrados em playlists, premiações e festivais, a maioria dos profissionais de bastidores permanece invisível ao público. Essa realidade afeta diretamente a motivação e a continuidade da carreira desses profissionais, que muitas vezes precisam acumular funções paralelas para conseguir “fechar as contas”.
Inclusive, a indústria do hip hop e do trap possui uma dinâmica especial: a autenticidade e a conexão com as raízes sociais, ao passo que muitos artistas emergem de contextos periféricos e buscam, por meio da música, superar barreiras que antes eram obstáculos. Essa ascendência influencia o modo como equipes e artistas lidam com os ganhos e investimentos, nem sempre contando com apoio financeiro ou orientação profissional adequada.
Mudanças e perspectivas para o futuro
Nos últimos anos, movimentos como o do coletivo Laboratório Fantasma, criado por Emicida, têm buscado valorizar e profissionalizar a cadeia produtiva do rap brasileiro, para assim promover maior justiça social e econômica entre artistas e suas equipes. Workshops, parcerias comerciais e eventos culturais começaram a destacar as então sombras dos artistas e assim começou a garantir melhores condições de trabalho.
Também, fontes como o Instituto Música Popular Brasileira apontam para a necessidade de políticas públicas específicas que reconheçam toda cadeia produtiva da música urbana, trabalhando a favor da valorização financeira e capacitação técnica dos profissionais.
Por fim, o cenário musical do Trap, Rap e Hip Hop, ainda tem muito a ser explorado e principalmente melhorado. As produtoras especializadas e os artistas, cada vez mais tem divulgado e valorizado os profissionais de seus bastidores, artistas como Matuê, Veigh e MC IG, postam frequentemente em suas redes sociais os trabalhos de seus fotógrafos, produtores e estilistas.




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